30 novembro 2018

A Casa que Jack Construiu

O fato de que Lars von Trier não bate bem da cabeça, já sabemos. Mas não podemos negar sua alta habilidade de dominar o cinema, afinal, criou uma linguagem própria onde a câmera na mão que faz alusão ao documentário, o slow motion e as imagens cheias de simbolismo são utilizadas. Dessa vez não foi diferente, assim como um enredo que tem a intenção de deixar o espectador a ponto de parar o filme e se retirar da sala, mas que não o faz pela curiosidade que gera no mesmo.

A Casa que Jack Construiu nos traz Jack (Matt Dilon) no papel de um psicopata com Transtorno Obsessivo Compulsivo que procura sempre cometer assassinatos sem deixar nenhum rastro, o que resulta em cenas de humor como quando, após matar uma mulher, o homem retorna inúmeras vezes a sua casa por achar que há gotas de sangue que esqueceu de limpar.

O longa é incômodo, assim como todas as obras de von Trier, por ser absolutamente cruel, visceral e misógino, levando-nos a conhecer a mente do diretor que, em 2011, foi expulso de Cannes por fazer comentários nazistas e ser conhecido por sua mente doentia.


A grande questão é o fato de Lars von Trier mostrar, sem receio, tudo de pior que passa em sua mente. Não é pouco provável que muitos de seus fãs gostem não apenas de seus filmes como obras cinematográficas, mas também da sensação que eles são capazes de passar. Todos nós temos sonhos e pensamentos bizarros, sejam eles raros ou frequentes, todos possuímos um pouco de maldade, e pode ser que von Trier tenha encontrado no Cinema uma forma de expressão para todos seus desejos mais brutais, por não poder (ou querer) reproduzi-los na vida real. 

A Arte é e sempre foi (após a modernidade) essa forma de se expressar e tentar esvaziar as angústias de nossas mentes. Por esse motivo, essa quem escreve se encontra perdida por odiar o autor e sua crueldade, mas ao mesmo tempo admirar sua linguagem cinematográfica e ter a consciência de que mesmo as melhores pessoas possuem momentos de sentimentos ruins e intensos. 

Bizarro.


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