02 outubro 2019

Bacurau




Assisti Bacurau logo em seguida do novo filme de Quentin Tarantino, Era uma vez em... Hollywood. Achei os dois muito violentos, mas por algum motivo entendia em Tarantino. Depois de refletir um pouco, compreendi: em Tarantino, já estamos acostumados, é "normal" e divertido ver violência gratuita no cinema estadunidense, no Brasil é um absurdo, até mesmo levado para um lado mais banal. Mas Bacurau é, entre tantas outras coisas, sobre isso: nós também podemos.

No terceiro longa de Kleber Mendonça Filho, o diretor aposta em um suspense, algo que já havia mostrado interesse em seus curta-metragens Vinil Verde e A Menina de Algodão. Bacurau é ambientado em um futuro não tão distante, em que título do filme dá nome a uma cidade fictícia do interior de Pernambuco, que é também a protagonista da trama. O filme se passa em um momento em que a cidade desaparece dos mapas e seus moradores começam a ser assassinados.

Cheio de simbolismos e crítica social, Bacurau nos traz personagens cheios de personalidade que encontram segurança na escola e no museu, enquanto a igreja fica sempre vazia. Temos, ainda, a figura do prefeito, que é ridicularizado e totalmente ignorado pelos cidadãos, cansados da farsa de quem surge apenas na época das eleições fingindo se importar com o povo, almejando votos.

Impossível de receber suficientes elogios, Bacurau é um filme importantíssimo para o cinema brasileiro, assim como para os espectadores, que se verão representados e talvez até mesmo vingados. Aplaudir na sala de cinema e sair da sessão com satisfação e sentimento de esperança são algumas das consequências que o filme pode causar no público. 

Bacurau é potência.

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