29 maio 2020

Laranja Mecânica

Laranja Mecânica é baseado no livro de mesmo nome do autor Anthony Burgess, escolhido e adaptado para roteiro cinematográfico por Kubrick. A história se desenvolve em uma estranha distopia, que faz claras críticas a sistemas governamentais e carcerários da época do filme (e que existem até os dias de hoje), sendo agressivamente atual. Mais uma vez, Kubrick usa do Cinema para ressaltar o lado manipulador e perverso daqueles que possuem poder. 

Acompanhamos Alex, um jovem que procura diversão através da violência junto a seus drugues , Pete, Georgie e Dim. O próprio protagonista nos narra a sua história e nos apresenta seus gostos e hábitos. Conhecemos o bar Korova, em que toma “leite-com”, conhecemos a sua casa e seu quarto, descobrimos que ele é o maior fã de Ludwig van Beethoven e que seus pais não são muito presentes, além de claro, sempre nos lembrar de todo o seu apresso pelas formas mais brutais de violência. 

O longa é dividido em três partes, na primeira delas conhecemos e assistimos Alex e sua gangue cometendo atrocidades como espancar um morador de rua, invadir a casa de um escritor e sua esposa e estuprá-la e, por fim, a invasão da casa da mulher dos gatos, em que Alex acaba a matando e seus drugues o abandonam como vingança por não suportar mais a autoridade de Alex, que é pego pela polícia. 

A segunda parte é onde vemos Alex na prisão, acompanhamos o retrato de um sistema extremamente autoritário e de pregação religiosa, a desumanização dos presos que não são chamados por seus nomes, mas por números, além de uma série de burocracias ilustradas com momentos demorados em papéis e assinaturas. Essa parte é caracterizada pela ausência da explosão de cores que vimos na primeira. Tudo é neutro e frio, com prevalência das cores cinza e azul. Entretanto, na mente de Alex, as cores retornam ao assistirmos suas fantasias. 

O final deste segundo ato é onde assistimos nosso protagonista ser remetido ao tratamento Ludovico, uma técnica experimental com o intuito de acabar com a violência. Alex é forçado a assistir filmes explícitos de violência e guerra após tomar uma injeção com uma substância que o faz sentir ânsias e sensações sufocantes. Assim, as imagens e o impulso de fazer algo do tipo prontamente o remete ao mal estar, sendo ele fisicamente impedido de cometer tais ações. 

Por último, a terceira parte nos mostra o retorno de Alex ao mundo, agora um mundo em que ele não mais se encaixa. Se a ideia era transformar alguém para que voltasse sem cometer mais atos criminosos, a última preocupação foi se esta pessoa estaria apta a viver bem e de maneira saudável. O que acontece é vermos as consequências de alguém agora incapaz de se defender ou ter qualquer atitude natural, afinal o tratamento não muda a moral e as vontades, mas apenas os impulsos físicos. 

Desta forma, Alex se vê em uma sucessão de carmas daquilo que fez na primeira parte, é reconhecido pelo morador de rua e espancado por seus colegas, quando acha que será salvo, se depara com seus antigos amigos, Georgie e Dim, agora policiais, que o torturam e quase o matam afogado. Por último, chega novamente à casa do escritor, que agora vive com um homem, e é resgatado pelos dois, até que o escritor reconhece Alex e o tortura, fazendo-o tentar cometer suicídio.

Ao final da obra, o personagem está totalmente “quebrado”, como uma máquina. A sua única opção é aceitar uma aliança com o ministro do Interior, que o dará emprego e moradia para que ele fique ao seu lado e finja ser um cidadão restaurado, saudável e do bem.

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